quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Orfeu debruçado sobre o corpo de Eurídice; Ópera "Orpheus und Eurydike" no Bode-Museum - registos do meu diário gráfico

"Através de povos insubstanciais e fantasmas dos sepultados,

chegou ao pé de Perséfone e do senhor que governa

o desagradável reino das sombras. E dedilhando as cordas,

assim cantou: 'Ó deuses deste mundo situado sob as terras,

no qual voltamos a cair todos quantos nascemos mortais,

se é lícito e permitis falar verdade, e pôr de lado rodeios e

falsidades, não desci aqui para ver as trevas do Tártaro,

nem para acorrentar as três goelas desse vosso monstro,

o rebento da Medusa, cobertas de víboras como pêlos.

A razão da minha vinda é a minha esposa, a quem uma serpente,

ao ser pisada, injectou veneno, roubando os anos juvenis.

Quis ser capaz de tal suportar, e não negarei que o tentei:

mas o Amor venceu. Famoso é o deus na região superior;

se o é também aqui, não sei.”

in Metamorfoses, de Ovídio (Livro X; vv14-27)

5 comentários:

Ana Rita disse...

deve ter sido lindissimo =)

Anónimo disse...

"no qual voltamos a cair todos quantos somos mortais"- espanta-me sempre a lucidez e a sabedoria de alguns textos, antigos ou recentes.

É como se o artista tivesse acesso à essência das coisas, à Verdade. Ou será que é porque a diz como ninguém? Ou então as duas coisas. Por isso, quando ouvimos ou lemos, dizemos "Ah, é isto mesmo!" e , de repente, "bate-me uma luz..."

A tua ida à Ópera ficou magnificamente documentada, que é uma forma sábia de ampliar o prazer, o conhecimento, a emoção, e, de os partilhar. Obrigada, minha filha!

Anónimo disse...

adoro estes passeios por aqui! beijos Camila e Joana

JP disse...

Actualização!!!!

Anónimo disse...

Também concordo. Agora já não tens desculpa, já estás em Berlim outra vez!

Foi muito bom ter-te cá! Vai ser bom continuar a ver e a ler o que fazes...

Boa sorte para esta nova, e pequena, etapa da operação Berlim!