"Através de povos insubstanciais e fantasmas dos sepultados,
chegou ao pé de Perséfone e do senhor que governa
o desagradável reino das sombras. E dedilhando as cordas,
assim cantou: 'Ó deuses deste mundo situado sob as terras,
no qual voltamos a cair todos quantos nascemos mortais,
se é lícito e permitis falar verdade, e pôr de lado rodeios e
falsidades, não desci aqui para ver as trevas do Tártaro,
nem para acorrentar as três goelas desse vosso monstro,
o rebento da Medusa, cobertas de víboras como pêlos.
A razão da minha vinda é a minha esposa, a quem uma serpente,
ao ser pisada, injectou veneno, roubando os anos juvenis.
Quis ser capaz de tal suportar, e não negarei que o tentei:
mas o Amor venceu. Famoso é o deus na região superior;
se o é também aqui, não sei.”
in Metamorfoses, de Ovídio (Livro X; vv14-27)
5 comentários:
deve ter sido lindissimo =)
"no qual voltamos a cair todos quantos somos mortais"- espanta-me sempre a lucidez e a sabedoria de alguns textos, antigos ou recentes.
É como se o artista tivesse acesso à essência das coisas, à Verdade. Ou será que é porque a diz como ninguém? Ou então as duas coisas. Por isso, quando ouvimos ou lemos, dizemos "Ah, é isto mesmo!" e , de repente, "bate-me uma luz..."
A tua ida à Ópera ficou magnificamente documentada, que é uma forma sábia de ampliar o prazer, o conhecimento, a emoção, e, de os partilhar. Obrigada, minha filha!
adoro estes passeios por aqui! beijos Camila e Joana
Actualização!!!!
Também concordo. Agora já não tens desculpa, já estás em Berlim outra vez!
Foi muito bom ter-te cá! Vai ser bom continuar a ver e a ler o que fazes...
Boa sorte para esta nova, e pequena, etapa da operação Berlim!
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